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A conquista da América

No contexto das Grandes Navegações os espanhóis serão os primeiros a avistarem as terras do continente americano. Seguir-se-ão, os portugueses, franceses, ingleses e holandeses. Deslumbrava-se um novo mundo, e tal qual na época do movimento das Cruzadas os primeiros que chegaram ao novo continente tratarão de colocar em prática mecanismos de conquista desse território e de seus povos. A violência outrora dirigida para a reconquista dos territórios da Espanha agora seriam direcionados para a conquista das terras na América.

Estima-se que a população indígena na época da chegada dos europeus era de algo em torno de 80 milhões. Essa gigantesca população indígena foi em sua maioria subjugada, sendo que populações inteiras acabaram exterminadas. Para se ter uma idéia, na região central do México existia 25 milhões de índios no começo do século XVI, sendo que menos de 100 anos depois essa população estava reduzida a apenas 1 milhão. Pode-se dizer, portanto, que a principal marca da conquista dos povos indígenas é a violência.

Mas de que forma os europeus conseguiram dominar e exterminar uma população tão grande de indígenas? Entre os principais mecanismos utilizados pelos espanhóis pode-se destacar:

A superioridade bélica

As armas (como os canhões, as pistolas as espadas, escudos e armaduras) eram muito superiores às armas utilizadas pelos indígenas, normalmente feitas de madeira, como as flechas as lanças e os tacapes. Os estrondos das armas de fogo dos espanhóis transformavam-se em trovões aos ouvidos dos indígenas, algo até então nunca visto por eles.

Outro elemento que favoreceu os europeus era a utilização de cavalos. Até então desconhecidos dos indígenas americanos os cavalos europeus causavam verdadeiro espanto e fascinação. Em campo aberto garantiam aos europeus grande mobilidade, além de causar perplexidade entre os indígenas que ficavam mais preocupados em tentar abater o animal do que os cavaleiros.

A legitimidade religiosa

Se a reforma religiosa sacudiu a religião dominante na Europa dando vazão às guerras de religião e fazendo com que o catolicismo perdesse um grande número de adeptos, com a conquista do Novo Mundo surgia a possibilidade da conversão de milhões de indígenas ao catolicismo.

Assim a religião servirá ao mesmo tempo como justificativa: a salvação dos indígenas, tirando-os de seus hábitos selvagens, ou seja, os europeus eram responsáveis por levar a civilização e a verdadeira religião aos infiéis; e instrumento de dominação (com a utilização da catequese – recentemente introduzida com a Concílio de Trento – e a desestruturação do mundo psíquico dos indígenas). A respeito dessa questão, observe a justificativa do cronista Francisco Lopes de Gómora:

“Assim, não pense ninguém que foram tirados o poder, os bens e a liberdade dos indígenas: e sim que Deus lhes concedeu a graça de pertencerem aos espanhóis, que os tornaram cristãos (...). Ensinaram-lhes latim e ciências, que valem mais do que toda a prata e todo o ouro que eles tomaram. Porque, com conhecimentos, são verdadeiros homens, e da prata nem todos tiravam muito proveito”.

A desestruturação das formas de trabalho – Com a gradativa dominação dos povos indígenas os espanhóis ocasionaram também uma desestruturação nas atividades de subsistências. Na medida em que deslocavam milhares de habitantes para a exploração das riquezas minerais os espanhóis comprometiam a produção de alimentos, levando populações inteiras a perecerem de fome.

O choque biológico – Os espanhóis trouxeram consigo inúmeras doenças, como a varíola e o sarampo. Essas doenças proliferaram com muita rapidez e encontravam povos que não tinham nenhuma imunidade. Esse choque biológico foi responsável por milhares de mortes no Novo Mundo.

O período de conquista se estendeu por praticamente todo a século XVI, apesar de oficialmente ter se encerrado em 1556, quando ao rei Felipe II tomou uma série de medidas para abrandar a autoridade e a violência dos conquistadores (que em sua maioria eram grupos particulares que recebiam da coroa a autorização para conquistarem territórios e riquezas em nome do rei).

Esses conquistadores, chamados também de adelantados, chegavam à América com recursos próprios, trazendo consigo um pequeno exército e a resolução de não voltarem de mãos vazias. Entre os principais conquistadores se destacaram Hernán Cortez que conquistou a Confederação Asteca, no México, e Francisco Pizarro que conquistou o Império Inca, na região do Peru.

Num primeiro momento interessava a coroa inglesa a conquista do território e a dominação dos povos indígenas, era, portanto, admissível às empresas particulares. A partir da segunda metade do século XVI, contudo, essa autonomia passou a incomodar a Espanha, que passou a interferir e agir no sentido de impor a vontade do soberano nas regiões já conquistadas. Ilustração do século XVI retratando as atrocidades cometidas pelos espanhóis na América.

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