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Período democrático - Governo Dutra

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial acelerou o processo de contestação ao governo ditatorial de Vargas. Se com a FEB a “cobra fumou” na Europa, no Brasil a situação política se precipitava de tal forma que Vargas se viu na iminência de iniciar o processo de redemocratização e, em 1945 pela primeira vez em sua história, os brasileiros se manifestariam através do voto direto e secreto, inclusive, com a participação das mulheres.
 
O general Eurico Gaspar Dutra – que apoiou Vargas no golpe de 1937, e de certa forma, minou seus intentos de continuísmo em 1945 é eleito presidente. Junto com ele, elegem-se os novos senadores e deputados federais que teriam como incumbência elaborar uma nova constituição para o Brasil.

O período que tem início com o governo Dutra e é finalizado com o golpe militar de 1964 é considerado por muitos um período de predomínio das práticas populistas, muitas delas já incubadas durante o longo período do governo Vargas.


Em 1946 é promulgada a nova constituição, que trazia a normalidade política ao país. Os direitos individuais, a independência dos três poderes e a autonomia dos estados a liberdade de expressão e o direito à greve, que haviam sido suprimidos na constituição de 1937 são restituídos.


No campo econômico, o governo de Dutra é marcado pelo modelo político-econômico desenvolvimentista, baseado na dependência do capital estrangeiro e no alinhamento e estreitamento dos laços com os Estados Unidos. A Política de Boa Vizinhança havia lançado as bases para a utilização da América Latina enquanto um potencial mercado consumidor, e a partir de 1946 tais intento será levado a cabo de forma incisiva.


A abertura do mercado brasileiro para importações de produtos manufaturados americanos supérfluos como cigarros, chicletes, perfumes trouxe efeitos desastrosos para a economia brasileira. Exemplificando, as divisas brasileiras antes da Segunda Guerra Mundial giravam em torno de 70 milhões de dólares; no final da guerra haviam saltado para robustos 708 milhões, e em apenas dois anos do governo Dutra, e por ocasião da invasão de produtos americanos, recuaram para diminutos 90 milhões. Esse modelo de econômico seria amplamente utilizado durante o governo de Juscelino Kubitschek e no após o golpe de 1964.


O alinhamento do Brasil com os Estados Unidos também é marcado pela tensão entre capitalistas e comunistas e pelo começo da Guerra Fria. Nesse contexto o Brasil assinou um tratado com os EUA que permitia intervenções americanas onde houvesse a ameaça comunista e rompeu suas relações diplomáticas com a União Soviética. Internamente, significou que o PCB mais uma vez seria mandado para a ilegalidade, e que os sindicatos sofreriam nova intervenção estatal, e os trabalhadores teriam a supressão do direito de greve.

 
Abaixo, na primeira charge, de 1947, o grande J.Carlos faz uma referência direta a influência americana no Brasil, em especial a partir do primeiro ano do governo Dutra, quando as importações são liberadas destruindo rapidamente com as divisas que o Brasil tinha acumulado no período da Segunda Guerra Mundial. Repare na referêcia aos indígenas (como símbolo da nacionalidade) e a Dom Pedro I, que proclamou a Independência do Brasil. 


A'S ARMAS!
- SOCORRO, PEDRO I! VAMOS NOVAMENTE ÀS MARGENS 'PLÁCIDAS' DO IPIRANGA, NOSSA INDEPENDÊNCIA PERIGA!


CORREA E CASTRO - O MEU JUDAS EU O QUEIMEI NA EPOCA DA SEMANA SANTA, MAS OS SEUS VOCÊ PODERÁ MALHÁ-LOS DURANTE O ANO INTEIRO!

Na segunda charge, de Théo, publicada em 1947, destaca-se os principais problemas do governo Dutra. Repare na referência ao problema do câmbio, da inflação e a sempre presente "ameaça comunista".

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