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Alimentação: uma questão histórico-cultural

Pense em algumas frutas tipicamente brasileiras. Se você pensou em bananas, mangas, jacas e cocos, acabou de cometer um equivoco histórico. As bananeiras vieram da África, as mangueiras e jaqueiras, da Índia, e segundo a conhecida canção de Ary Barroso (Aquarela do Brasil) o Brasil tem o coqueiro que dá coco, mas antes não tínhamos: esses frutos aparentemente tão brasileiros foram trazidos para cá nos navios portugueses, nos primeiros séculos da colonização. Por sua vez, Ásia, Europa e África receberam produtos americanos, que foram incorporados à sua cultura. Da América: o milho, a mandioca o tomate, tabaco, a pimenta vermelha e o cacau difundiram-se pelo mundo.

Graças a esse intercâmbio, os desbravadores de mares nunca dantes navegados revelaram-se excelentes cozinheiros, ou melhor, as servas e escravas que trabalhavam sob suas ordens mostraram ser alquimistas capazes de dosar os produtos regionais com os trazidos de ultramar.

Com tantas contribuições de povos tão diversos, podemos dizer que a nossa feijoada é verdadeiramente uma “brasileira naturalizada”. Mostra também que a alimentação não é um ato involuntário, mas determinada tanto pela história como pela cultura de um povo. É exatamente a diversidade de hábitos alimentares que nós faz perceber um certo estranhamento em relação à forma como outros povos se alimentam.

É conhecida a história de que os temidos guerreiros mongóis colocavam pedaços de carne sobre a cela de seus cavalos, com as quais se alimentavam durante a viagem. Pode parecer bizarro, mas não podemos esquecer que a própria utilização dos talheres pela civilização ocidental é algo que somente será difundido muito recentemente, a partir de um processo que chamamos de “civilizador”, onde, as classes mais abastadas, vão aos poucos, procurando regular sua forma de agir, que cada vez mais será individualizada. Assim, da faca coletiva, passamos ao garfo individual.

Não podemos esquecer, que nós mesmos, ao optarmos pelos produtos industrializados, muitas vezes fazemos uma estranha escolha por um sem número de ingredientes químicos, que muitas vezes podem até mesmo, comprometer a nossa tão valorizada saúde. A charge abaixo, publicada no início de século XX é um exemplo da dificuldade (entre tantas) que os imigrantes tiveram ao chegarem ao Brasil, onde tiveram que se adequar muitas vezes a um novo padrão alimentar.

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