A ocupação da América do Norte pelos ingleses se intensifica a partir do século XVII e XVIII com a fundação de treze colônias na costa atlântica do continente. O processo de colonização, seja como estratégia para deslocar a crescente população pobre dos centros urbanos, ou mesmo ligada aos puritanos que fugiam da Europa devido as perseguições religiosas, deu origem a uma grande diversidade tanto social quanto econômica em território americano. De uma forma geral, nas colônias do sul predominava a grande propriedade escravocrata (a plantation), onde prevalecia a monocultura através do trabalho escravo destinada a exportação. No centro-norte, as colônias americanas desenvolveram-se tendo como base a pequena e média propriedade, com certa diversidade na produção – ou policultura – utilização de mão-de-obra livre ou de servidão temporária visando, principalmente, o abastecimento interno. Em algumas regiões desenvolveu-se até mesmo a manufatura, com grande expansão marítima.
Essa característica socioeconômica colonial nortista possibilitou o crescimento das cidades e a acumulação de capitais por parte de uma burguesia nascente, que crescentemente entrava em contradição com os interesses da burguesia metropolitana. Em suma, o Norte, ansiava por uma ainda maior independência econômica e financeira em relação à metrópole. Alie-se ao vigor capitalista nortista a grande autonomia política das colônias americanas e teremos um crescente e irreparável ponto de discórdia entre colônia-metrópole.
Nas colônias do sul, por sua vez, a organização econômica e social evidenciava uma grande dependência em relação ao mercado externo, fazendo com que a aristocracia local temesse uma radical ruptura com a metrópole. Não que a escravidão preponderante no sul impossibilitasse o desenvolvimento do capitalismo ou da acumulação de capitais, nem mesmo que o sul não tivesse as mesmas noções de autonomia política, mas a dependência externa se explicitava em certa moderação dos sulistas em relação à ruptura.
A guerra dos Sete Anos (1756-63) entre a França e a Inglaterra se estendeu à América, onde se disputava territórios na região dos Grandes Lagos. A vitória inglesa beneficiaria os colonos, que teriam as condições para expandir suas fronteiras territoriais, contudo, a Inglaterra criou uma série de resoluções – nem sempre respeitadas – que proibia o avanço colonial à Oeste e a exploração econômica dessas novas terras conquistadas.
Em face do endividamento com a Guerra dos Sete Anos, da concorrência significativa dos produtos americanos, e da crescente a ameaçadora autonomia colonial, a Inglaterra resolve mudar sua postura política em relação a sua mais preciosa colônia, aumentando a fiscalização e o controle político, proibindo a instalação de novas fábricas, criando novos impostos e intensificando a presença militar na região.
Entre os novos impostos destaca-se a decretação da Lei do Açúcar (1764) que taxava pesadamente o açúcar importado das Antilhas que era a matéria prima necessária a abundante produção colonial do rum, que gerava grandes lucros à burguesia local (além do açúcar o imposto aplicava-se sobre produtos de luxo como vinhos, café, seda, roupas, etc.). Em 1765 foi decretada a Lei do Selo, imposto sobre todos os livros, jornais e documentos. Em 1773 foi definido o monopólio do comércio do chá, que proibia os colonos de importarem o chá de outros fornecedores que não fossem a inglesa Companhia das Índias Orientais. No final das contas, sem o intermediário local ao preço do chá cairia para o consumidor final, contudo, os interesses dos comerciantes burgueses coloniais seriam seriamente afetados.
O que cabe destacar é que essa grande interferência britânica nas colônias americanas contrapunha-se a arraigada autonomia local, gerando uma grande insatisfação que partiu de praticamente todas as camadas sociais, inclusive, dos reticentes sulistas. Essa insatisfação ficou evidente no final de 1773, na célebre Festa do Chá de Boston, episódio onde cerca de 150 colonos, disfarçados de índios, invadiram três navios britânicos ancorados no porto de Boston e atiraram mais de trezentas caixas de chá ao mar.
Como represália o Parlamento Britânico aprovou as chamadas Leis Intoleráveis, que determinava o fechamento do Porto de Boston até que os prejuízos da Companhia das Índias Orientais fossem devidamente reparados, além é claro do julgamento dos responsáveis pela afronta. Publicada em 1774 a cartoon abaixo faz uma referência direta às Leis Intoleráveis, no sentido de uma violação aos colonos americanos, que aparecem representados na figura do indígena.
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