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Apontamentos sobre a qualificação do trabalho e do trabalhador

Como foi visto as novas tecnologias produtivas incorporadas com a chamada “terceira revolução industrial” e os novos modelos organizacionas, como, por exemplo, o paradigma toyotista, introduziram novas lógicas nas relações de trabalho. As organizações procuram um novo trabalhador, que de uma forma geral, deve apresentar o seguinte perfil:

• Trabalhar em equipe (sinergia).
• Constante atualização e aprendizado contínuo.
• Ter uma visão global das coisas.
• Capacidade de se adaptar a mudanças.
• Polivaência, agilidade e flexibilidade.

Por outro lado, os trabalhadores tem sido pressionados, no que pode ser considerado uma grande precarização das condições do trabalho e do trabalhador. Entre outros fatores, contribui para esse quadro:

• a competitividade,
• a automatização da produção,
• a liberdade da empresa na reorganização do trabalho, inclusive, com a adoção da tercerização,
• o aumento populacional, a definitiva incorporação do trabalho feminino e a ampliação da perpectiva de vida e de trabalho dos indivíduos,
• o retrocesso do poder sindical.

O fato é que os novos paradigmas organizacionais e a pressão das estruturas empresariais e sociais tem gerado no mundo contemporâneo a insegurança como uma marca indelével que acompanha os trabalhadores.

Amparada nessa otimização da “insegurança”, muitas organizações passam para os trabalhadores altas cargas de reponsabilidade e de cobrança, que normalmente não corresponde às remunerações que os trabalhadores recebem. Trata-se de tarefas, demandas e “premiações” por produtividade muitas vezes impossíveis e impraticáveis, sabidas, propositais, e que não raro ocasionam problemas físicos e psicológicos graves nos trabalhadores.

Esse quadro, leva os trabalhadores à busca da alardeada qualificação profissional. Há de se destacar algumas questões a esse respeito:


• Em primeiro lugar, é imprescindível fazer uma diferenciação: nem sempre o trabalhador mais “qualificado” ou “formado” significa que seja o mais capacitado para determinada função.

• Por outro lado, as organizações procuram trabalhadores com alto nível de qualificação, mesmo que muitas vezes - apesar de exercer funções importantíssimas - de pouca complexidade.

• Coloca-se como senso comum uma idéia muitas vezes ilusória de que a qualificação para o trabalho será responsável pela eliminação do desemprego. Não devemos esquecer que não raro o desemprego tem causas muito mais profundas, ligadas à estrutura da sociedade ou conjunturas específicas.

• Outro erro comum é responsavilizar os trabalhadores pela falta de empregos, reduzindo a culpa dos governantes, da política econômica ou mesmo das condicionantes históricas. Nesse aspecto, a “reduzida educação dos brasileiros”, ou a sua escolaridade mínima, por exemplo, seriam os responsáveis pela crise de desemprego no Brasil. Deve ficar claro, portanto, que a escolaridade ou qualificação não são a causa direta do desemprego, e que mesmo as políticas de qualificação profissional não são em si políticas de geração de emprego.

• Ao mesmo tempo, cabe lembrar que muitas vezes é fato que sobram vagas para determinadas funções que exigem determinada qualificação. Contudo, o não preenchimento das vagas pode estar ligado não propriamente com a falta de mão-de-obra dita “qualificada”, mas sim com a mínima remuneração oferecida, caracterizando quase que o subemprego.

• Outra questão que complica as referências comuns à qualificação diz respeito as várias pesquisas do Seade e do Dieese que apontam para altos índices de desemprego entre a faixa da população com maior escolarização.

• Problema maior é a tranferência do “ideal” de qualificação das organizações para a sociedade. Nesse sentido, vale lembrar o sistema S (Senai, Senac, Sesc, Sesi, etc) que é controlado de forma privativa, mas que mesmo assim trabalham com objetivos claramente identificados com as demandas das empresas, recebendo, contudo grandes volumes de ivestimentos públicos.



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