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Revolução Industrial: O pioneirismo da Inglaterra (2 de 4)

O modelo da manufatura será propício ao capitalismo industrial que vai se desenvolver especialmente na Inglaterra a partir de 1780. A partir da manufatura, com a introdução das máquinas e a objetividade suprema do lucro, o capitalista fomentará a fábrica.

E interessante perceber, que apesar do pioneirismo inglês, a França era na verdade superior em tecnologia e em educação. Nesse sentido, ao contrário do que se costuma pensar, o pioneirismo inglês não se deve a uma suposta supremacia tecnológica e científica. Na verdade, a tecnologia – e em especial o tear e a maquina a vapor – já existiam antes do período de maior desenvolvimento da revolução industrial.

Mas a Inglaterra tinha alguns fatores que a favoreciam esse lançar-se a aventura industrial moderna:

Em primeiro lugar, um objetivo muito claro: o lucro privado e o desejo do desenvolvimento econômico, ou seja, política e lucro e até preceitos religiosos já andavam lado a lado, uma vez que o protestantismo calvinista não condenava o lucro e pregava uma vida voltada para o trabalho.

Os proprietários comerciais tinham o monopólio das terras, obtido ao longo de bastante tempo através da prática dos cerceamentos, que por um lado, levou ao campo inglês a noção de aproveitamento das terras com a finalidade de aumentar a produção e os lucros, e, por outro, forneceu um importante e crescente excedente de trabalhadores que eram desalojados da sua forma de vida ligada ao campo e se dirigiam para a cidade, engrossando a camada de trabalhadores em potencial, ou como Marx chamou de um grande exército de mão-de-obra reserva.

Tinha uma grande quantidade de capitais acumulados e um mercado consumidor em expansão, tanto internamente – uma vez que a Inglaterra passou no século XVIII de uma população de 5 para 18 milhões de habitantes – como externamente, com o seu vasto império colonial e com a possibilidade de grande expansão.

Enfim a Inglaterra estava preparada para fornecer lucros fantásticos para quem ousasse expandir a sua produção rapidamente e, não obstante acenava com a possibilidade de um mercado mundial monopolizado, por ela, que se tornaria por um bom tempo a maior das nações produtoras, ou seja, a Revolução Industrial é também a predomínio do mercado exportador sobre o mercado doméstico.

E a primeira indústria a se revolucionar foi a do algodão. Como foi visto, no campo inglês já havia se arraigado uma mentalidade suficientemente voltada para o lucro, além disso, as inovações técnicas necessárias para a indústria do algodão eram relativamente simples e o mercado era monopolizado pela Inglaterra.

É bem possível que a indústria do algodão tenha sido a primeira a se revolucionar pelo fato de se constituir enquanto um bem de consumo. No caso dos bens de capital (como ferro e equipamentos) a situação era bem diferente uma vez que ainda não existia um mercado consumidor disponível. Foi somente no decorrer da Revolução Industrial que isso aconteceu, e neste caso, a máquina a vapor e as ferrovias tem um papel preponderante.

A máquina a vapor foi aperfeiçoada em 1765 por James Watt. O uso do vapor possibilitava substituir a força muscular ou as forças associadas à natureza (vento, água) pela energia mecânica. Foi a partir daí que o barco a vapor e a locomotiva se tornaram pouco menos irreal.

Menos irreal, porque quem investia na construção de ferrovias não eram homens de negócios propriamente ditos, mas sonhadores. Foi o grande acúmulo de capitais gerado nas primeiras décadas da revolução que originou um excedente para ser investido. As ferrovias significavam um grande sorvedouro e ao mesmo tempo uma aplicação positiva. Exercia um grande fascínio pela sua grandiosidade e simbolizava uma nova era, marcada pelo progresso tecnológico e pelo acúmulo desenfreado de capitais. Esse fascínio pode ser medido pela velocidade do trem, para se ter uma idéia uma viagem no interior da Inglaterra, que antes levava 12 dias poderia ser vencida em menos de 3 dias.

As duas charges abaixo fazem referência a expansão da indústria de bens de produção durante a Revolução Industrial, em especial as ferrovias. Na primeira imagem temos um mundo movido à tecnologia a vapor, e na segunda uma referência a expansão da rede ferroviaria na Inglaterra. Do começo do século XIX, as imagens apontam todo a entusiasmo frenético em relação ao maior símbolo da Revolução Industrial.
 

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