Swift

Adam Smith e a divisão técnica do trabalho



Teóricos do novo sistema descobriram no trabalho a fonte de toda riqueza individual e coletiva, entre eles Adam Smith:



“Não se vêem, por ventura, povos pobres em terras vastíssimas, potencialmente férteis, em climas dos mais benéficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, uma população numerosa vivendo na abundância em um território exíguo, até algumas vezes em terras penosamente conquistadas ao oceano, ou em territórios que não são favorecidos por dons naturais? Ora, se essa é a realidade, é por existir uma causa sem a qual os recursos naturais, por preciosos que sejam, nada são, por assim dizer; uma causa que, ao atuar, pode suprir a ausência ou insuficiência de recursos naturais. Em outros termos, uma causa geral e comum de riqueza, causa que, atuando de modo desigual e vario entre os diferentes povos, explica as desigualdades de riqueza de cada um deles; essa causa dominante é o trabalho”.



Em 1776, Adam Smith (1723 1790), afirmava que a riqueza de uma nação dependia essencialmente da produtividade baseada na divisão do trabalho. Assim, esse trabalho deveria obedecer à regra da especialização, ou seja, cada um executando uma etapa da produção da mercadoria. Executando apenas uma operação esse trabalhador adquiriria destreza nessa operação, levando à redução do tempo para a produção da mercadoria, e consequentemente ao aumento da produtividade. Maior produtividade significa lucro maior.

Por essa divisão, as operações de produção de um bem, que antes eram executadas por um único homem (artesão), são agora decompostas e executadas por diversos trabalhadores, que se especializam em tarefas específicas e complementares.

O que estava em jogo era o fim da autonomia do trabalho artesanal e a reunião e domesticação dos trabalhadores na fábrica. A divisão do trabalho defendida por Adam Smith teria a função de destruir o saber fazer do artesão.



Para que essa sociedade voltada para o trabalho se viabilizasse, houve necessidade de construir um corpo disciplinar que envolvesse todos os indivíduos dentro e fora da fábrica. A ordem burguesa da produtividade tornava se a regra que deveria gerir todas as instâncias do social. Para isso, instituiu se um discurso moralizante que visava cristalizar no conjunto da sociedade a ética do tempo útil.



O tempo útil do trabalho produtivo deveria funcionar como um "relógio moral" que cada indivíduo levaria dentro de si. O uso do tempo que não de forma útil e produtiva, conforme o ritmo imposto pela fábrica, passou a ser sinônimo de preguiça e degeneração. Só o trabalho produtivo, fundado na máxima utilização do tempo dignificava o homem.



You Might Also Like

0 comentários

Flickr Images